sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

É enterrada a primeira vítima da tragédia no Centro do Rio

 

Texto: Priscilla Aguiar

Sob uma chuva fina, cerca de 200 pessoas, entre amigos, familiares e amigos de trabalho, prestaram a última homenagem a Celso Renato Braga Cabral, niteroiense de 46 anos, uma das vítimas do desabamento de três prédios, na Avenida Treze de Maio, no Centro da capital fluminense. O enterro aconteceu na sexta-feira (27) pela manhã, no Cemitério do Maruí, no Barreto.
O pai de Celso, também Celso Renato, contou que era de costume o filho ficar até mais tarde no trabalho. Ele disse ainda que não sente revolta com os responsáveis pela tragédia, mas espera que possam encontrar as causas e que isso não volte a acontecer com outras pessoas.
“Ele era uma pessoa muito correta, trabalhadora. Tinha o costume de ficar até depois da hora do trabalho, porque gostava de colocar tudo em dia. Ele não merecia isso, não queria perder um filho dessa forma. Mas não sinto revolta, só tristeza”, disse Celso Renato.
O padrinho de nascimento de Celso, José Affonso Barbosa, engenheiro civil, de 81 anos, falou de como Celso era querido por todos e como vai fazer falta.
“A história dele daria um livro, é de sensibilizar qualquer um. Sempre muito batalhador, ele era um exemplo para os filhos e esposa. Ele tinha muitos amigos e era muito amado por todos. Sinto agora uma lacuna muito grande”, disse o padrinho. José Affonso contou ainda que, durante a adolescência, Celso era atacante do time de base do América.
A amiga de infância de Celso, Juçara Alves não se conforma com a morte do amigo. Segundo ela, ele não merecia morrer dessa forma. “Foi muito de repente, está sendo muito duro de aceitar. Não está dando para acreditar que aconteceu isso com o Celso, ele era um amigo muito querido e não merecia isso”, disse Juçara.
Celso Renato era natural de Niterói e morava no bairro do Engenho Pequeno, em São Gonçalo, com a esposa Eunice dos Santos Damásio Cabral e um casal de filhos. Ele trabalhava no departamento pessoal da empresa de Tecnologia Organizacional (TO), que funcionava no Edifício Liberdade, nº 44, da Avenida Treze de Março. Na noite do desabamento, de acordo com os familiares, Celso fazia horas extras.
De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte do administrador foi traumatismo do tronco e dos membros inferiores, com esmagamento e amputação traumática da perna esquerda e lesões poliviscerais.

15 corpos
Até o final da noite de sexta-feira (27), a Secretaria de Estado de Defesa Civil, havia contabilizado 15 vítimas fatais do desabamento de três prédios, na Avenida Treze de Maio, no Centro da capital fluminense, no dia 25. Das 15 vítimas, seis são mulheres, quatro homens e cinco ainda não tiveram o sexo confirmado. Um dos corpos estava carbonizado. Ainda há desaparecidos, porém o número ainda permanece incerto.
Segundo a Polícia Civil, seis vítimas haviam sido identificadas até às 17 horas de sexta-feira (27). São elas: Elenice Maria Consani Quedas, de 64 anos, Alessandra Alves Lima, de 29 anos, Celso Renato Braga Cabral, de 46 anos, Margarida Vieira de Carvalho, de 65, Nílson de Assunção Ferreira, de 50 anos, e Cornélio Ribeiro Lopes, de 73.
Um dos cadáveres, segundo o secretário de Estado de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, foi encontrado no local onde o entulho retirado pelos bombeiros está sendo depositado pela Comlurb. O corpo foi retirado do local, em meio aos destroços, por uma retroescavadeira, não sendo percebido pelos bombeiros. Simões afirmou que o cadáver estava muito dilacerado, mas por uma das mãos foi possível saber que pertencia a uma mulher.
O coronel Sérgio Simões, informou que as buscas vão continuar por mais 48 horas e que após esse período, o trabalho de retirada dos escombros será de competência da prefeitura da capital fluminense. “Esse é um prazo que eu estou me impondo para encerrar as buscas”, concluiu o coronel.

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