É difícil resistir aos tradicionais brigadeiros, cajuzinhos e beijinhos de coco que fazem a alegria em qualquer comemoração. Mas o que tem feito sucesso nas festas, segundo especialistas da área, são os doces internacionais. Antes vistos apenas em festas de casamento, os cupcakes, macarons, brownies e cheescakes são cada vez mais comuns em festas de aniversários e chás de cozinha e de bebê.
Para quem quer se tornar um designer de doces internacionais, é preciso um investimento de R$ 300. Já nos três primeiros meses é possível ter, em média, um lucro mensal de R$ 1,3 mil. Quem pretende investir mais alto, pode abrir uma loja com R$ 20 mil. O lucro do estabelecimento chega a R$ 20 mil por mês. Mas será preciso esperar um ano para obter de volta o valor investido. O valor dos doces varia entre R$ 1,50 e R$ 7,50, dependendo do tipo, tamanho e sabor.
Por sentir uma carência de bons profissionais no mercado, há sete anos a niteroiense Rafaela Panisset, de 30 anos, decidiu abrir sua própria empresa de doces, que possui o seu nome, localizada no Ingá, em Niterói.
No início, ela produzia os doces na cozinha de casa e não contava com a ajuda de ninguém. Rafaela lembra que vendia cerca de 500 doces por mês. Hoje, a empresária possui seu próprio ateliê e tem quatro funcionários, resultado do aumento das encomendas, que subiu para 10 mil doces por mês. Agora, o objetivo da doceira é mudar para um espaço maior, contratar mais funcionários e abrir uma loja.
Capacitação – Antes de ingressar no negócio Rafaela fez um curso básico em confeitaria e tecnólogo em gastronomia para se profissionalizar. Segundo ela, além dos doces estarem em alta no País, a razão de seu negócio ser bem-sucedido é sempre trabalhar com ingredientes de qualidade, o que garante o sabor. A preocupação com o acabamento, de acordo com a doceira, também é essencial.
Para Rafaela, a tendência desse mercado são os produtos exclusivos e o design moderno. Seu público-alvo são noivas, debutantes, gestantes, festas infantis e de empresas.
Ela relata, ainda, que por não haver muitos cursos profissionalizantes na área no País, a mão de obra especializada está escassa, o que se torna um dificultador para quem deseja abrir uma empresa.
“Estamos em um bom momento. Temos planos de expandir mais a empresa, mas o que nos atrapalha é a dificuldade que temos em encontrar profissionais especializados”, alerta.
Com uma história parecida, a designer industrial Julia Borges, de 31 anos, há aproximadamente três realizou seu objetivo profissional, abriu sua própria empresa de doces, a confeito design.
A empresa produz brownies e bem-casados de brownie, cupcakes, cookies sandwiches e tartelletes. No início, os doces eram feitos em uma microcozinha em seu apartamento na Barra da Tijuca. Por conta disso, só podia atender dois pedidos por semana. Quando as encomendas começaram a aumentar, Julia montou uma cozinha maior, em um apartamento em Botafogo, no Rio de Janeiro, e passou a contar com a ajuda de dois funcionários, além do marido na área financeira da empresa.
Atualmente, com o mercado em ascensão, Julia tem planos de abrir uma cozinha industrial com capacidade para mais funcionários em um local onde exista a possibilidade da venda direta dos produtos.
Ela relata que a dificuldade em trabalhar com esse tipo de doce é a sazonalidade de alguns produtos e agregar valor para o cliente, já que por serem produtos mais refinados, a comparação com o valor de outros produtos é inevitável.
“Acredito que estes doces importados, como o brownie e cupcake, vieram para ficar de vez. Mas como se trata de um mercado muito dinâmico, há sempre a necessidade de inovação e criação de novos produtos”, indica.
Dedicação integral faz negócio crescer
A estudante de administração Jaqueline Brito, de 30 anos, sempre teve o desejo de ter um negócio próprio, mas não sabia exatamente em que área investir. Amante dos doces internacionais, ela começou a fazer cupcakes por hobby, mas uma amiga a incentivou a vender as delícias no trabalho. A ideia fez tanto sucesso que há cinco meses ela pediu demissão da empresa e se tornou microempresária.
“Não foi nada planejado, apesar de sempre ter a vontade de ter uma empresa e de amar doces. Os doces fizeram tanto sucesso e as vendas cresceram tanto que eu já não dava mais conta da demanda. Foi então que decidi me dedicar integralmente ao negócio. O meu objetivo agora é ter um espaço próprio para trabalhar, porque ainda faço a produção na cozinha da minha casa, o que dificulta o meu trabalho”, conta.
A recepcionista Taynah Feltrim, de 21 anos, é uma das clientes de Jaqueline desde a época em que ela vendia os doces em seu ambiente de trabalho. Recentemente os doces da Delicinha Cupcake, nome da empresa de Jaqueline, fizeram sucesso na festa de aniversário de 1 ano do filho de Taynah.
“Foi um sucesso. Já indiquei para várias pessoas”, lembra Taynah.
Para quem deseja buscar uma formação antes de ingressar na área, o professor de confeitaria do Senac RJ e da pós graduação de confeitaria do Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam) Luiz Eduardo Costa, revela que há aulas específicas para a confecção de doces internacionais.
“A procura por doces internacionais é muito grande. O mercado hoje busca qualidade e sabor. Por isso oferecemos aulas específicas sobre doces internacionais”, diz.
Costa também oferece aulas livres em sua loja, a Boulangerie, localizada na Rua Mariz e Barros, em Icaraí, Niterói.
No Senac os cursos oferecidos são de padeiro confeiteiro e de bases de confeitaria e confeitaria clássica. O curso de padeiro confeiteiro tem duração de 300 horas. Já os de confeitaria básica e clássica têm duração de 24 e 32 horas, respectivamente. Os cursos de pós-graduação em confeitaria têm em média 360 horas.