sexta-feira, 29 de março de 2013

Empreendedores apostam nas escolinhas de futebol e comemoram bons lucros. Investimento inicial pode chegar à 14 mil, mas o lucro mensal é, em média 10 mil reais

O sonho de ser jogador de futebol e conquistar um espaço no mundo da bola é comum entre as crianças brasileiras. Com a proximidade da Copa das Confederações, este ano e da Copa do Mundo, em 2014, o número de futuros jogadores tem crescido e a procura por escolinhas de futebol tem aumentado nos últimos meses. A expectativa de quem investiu nas escolinhas é que o número de alunos dobre até o ano que vem.

Com um investimento de cerca de R$ 14 mil é possível abrir uma franquia do Botafogo, por exemplo. O valor é referente a um contrato com a marca, que vale por 48 meses e a compra de 71 kits de uniformes e coletes. Além disso, é necessário o pagamento de uma taxa mínima mensal. O lucro mensal é, em média, de R$ 10 mil.

Entre as obrigações, a escolinha deve seguir todas as diretrizes de padrão de qualidade: logomarca, material, finanças em dia, faixa etária das turmas, o tamanho de espaço físico, realizar a divulgação institucional do projeto e cumprir nas aulas normas técnicas previstas.

De acordo com Murilo Hasselmann, diretor da empresa Duna Marketing Esportivo, Máster – franqueado da Estrelas do Futuro (Escola Oficial de Futebol do Botafogo) –, há casos em que já no primeiro mês a empresa obtém lucros.

“Depende de uma série de fatores, local, época do ano, mas temos casos de empresas que já começaram lucrando. E o nosso objetivo é criar condições para que empreendedores façam negócios saudáveis. Avaliamos o perfil do candidato, local que pretende montar a escola, os pontos positivos e negativos. Ao mesmo tempo o franqueado vai ter a oportunidade de trabalhar com uma marca forte, uniforme personalizado, treinamento e reciclagens, assistência permanente, assistir a treinos do time profissional e outras vantagens”, informa.

De acordo com Fernando Belotti, gerente da Escola Brasileira de Futebol (EBF), ligado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ainda não há uma pesquisa que aponte o aumento na procura das escolas de futebol, mas segundo ele, o aumento de matrículas nos cursos de treinamento é um grande indicativo.

“Temos cursos específicos para quem quer abrir uma escola de futebol. De 2011 para 2012 já tivemos um aumento significativo na procura. Disponibilizamos 40 vagas por ano, e apenas 60% dessas vagas costumam ser preenchidas. Hoje estamos tendo 100% de vagas ocupadas. Como a procura em escolas está aumentando, cada vez mais as pessoas precisam se qualificar”, afirma.

Rubens Viana, diretor da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol, está animado com o aumento da procura por escolas de futebol.

“Temos cursos semestrais com ênfase em quem quer abrir uma escolinha e a demanda realmente está muito grande”, indica.

Educação – Renato Tavares Fonseca, que é professor de educação física e fisioterapeuta, é franqueado da Escola de Futebol Oficial do Fluminense, a Escolinha Guerreirinhos, localizada próximo à Praça da Trindade, em São Gonçalo. Ele conta que o que o impulsionou a abrir a escola foi o fato de ter trabalhado nas categorias de base do Flamengo, Fluminense e no futebol feminino do Vasco da Gama, onde tinha contato com adolescentes.

“A escolinha visa educar através do esporte e formar novos talentos e desde o início da minha carreira, quando tive muito contato com adolescentes, a vontade de abrir uma escolinha cresceu. Mas, além da vontade, para abrir uma escola de futebol é importante estarmos bem preparados, termos profissionais capacitados, atender e instruir bem nossos alunos. O diferencial é, sem dúvida, o carinho e atenção dispensados aos alunos e responsáveis, além de sempre organizar diversos eventos que motivam muito os participantes”, afirma.

Animado com a expectativa de crescimento do negócio, Tavares já planeja abrir novas turmas.

“A procura tem aumentado e sabemos que a tendência é aumentar muito mais. Por isso, estamos aguardando a realização da troca da grama sintética do espaço utilizado para abrirmos novas turmas”, completa.

O professor de educação física Luiz Gelain, de 27 anos, trabalha há seis na área e decidiu abrir uma escolinha por paixão ao futebol. Ele é coordenador do Núcleo das Escolinhas do Vasco da Gama, localizadas em Alcântara, São Gonçalo e no Fonseca, em Niterói. Segundo ele, além de ensinar futebol, a escolinha é importante pois trabalha a cidadania dos alunos. Ele também está animado com a perspectiva de crescimento do negócio.

“Na nossa equipe temos psicólogos e técnicos que avaliam nossos alunos e promovem a noção de cidadania e fazem um trabalho com a participação não só das crianças e adolescentes, mas também da família. Além da nossa paixão por futebol, sabemos que estamos em um excelente momento e é preciso investir. Temos planos de expansão, já que a procura só tende a aumentar”, comemora.

O professor de educação física Ricardo Calabria, de 47 anos, é franqueado da Estrelas do Futuro - Escola Oficial de Futebol do Botafogo. Ele abriu sua primeira escolinha de futebol quando ainda tinha 18 anos. Apaixonado pelo esporte, ele conta que chegou a ser jogador de futebol profissional. Aos 17 anos ele jogou no time principal do Botafogo durante um ano, mas um acidente em campo fez com que seu futuro profissional tomasse outro rumo. Foi quando, para não ficar longe dos gramados, ele decidiu abrir uma escolinha de futebol, na época o Clube Central, depois abriu uma escolinha do Flamengo e há três anos gerencia a escolinha do Botafogo, que funciona no Clube Pioneiros, no Vital Brazil, em Niterói.

“Sempre gostei de futebol, mas infelizmente por causa do acidente cheguei a ficar um ano andando de cadeira de rodas e o médico disse que não daria mais para jogar profissionalmente, foi quando decidi abrir uma escolinha. Terminei minha faculdade de educação física, me especializei em treinamento esportivo e comecei a investir mais na área. Atualmente temos a intenção de abrir novas turmas e também em outros lugares para poder atender um número maior de alunos”, planeja.

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