Texto: Priscilla Aguiar
Foto: Bruno Eduardo Alves
Quem
depende da saúde pública em Niterói tem que enfrentar uma verdadeira
maratona em busca de médicos. Os principais hospitais e postos de saúde
da cidade ou não têm médico ou têm apenas um para atender à população. O
panorama foi este, na manhã de sexta-feira (11), nas unidades do Centro
e bairros próximos.
No Hospital Municipal Carlos Tortelly, o antigo CPN, no Bairro de
Fátima, não tinha sequer um clínico geral. Foi o que contou a aposentada
Geni Versiane, de 47 anos, que acabara de sofrer um acidente de moto.
“Já fui no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) e me mandaram vir
para cá. Chego aqui e simplesmente dizem que não tem nenhum médico,
para eu ir embora. É um absurdo, é desumano. Agora, eu acidentada, sem
condições de andar, vou ter quer ir até o Hospital Azevedo Lima, no
Fonseca, na esperança de que lá tenha pelo menos um clínico geral”,
lamentou.
Já na Policlínica Regional Carlos Antônio da Silva, no Centro, havia
apenas um médico. A dona de casa Rita Matos, de 52 anos, já estava há
quatro horas na fila de espera e ainda não tinha previsão de
atendimento.
“Isso é uma falta de respeito. Estou aqui desde o início da manhã, nesse
sol, com dores e essa fila não anda. Não tem condições de ter um médico
só para atender a tanta gente. Muitas pessoas desistem de esperar e vão
para outros postos, mas os outros estão na mesma situação. Outros
voltam para casa com dores. A saúde pública está realmente lamentável”,
reclamou.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos de Niterói, São Gonçalo e
Região (Sinmed), Clóvis Abrahim Cavalcanti, a falta de médico nas
unidades de saúde se dá pelos baixos salários e condições de trabalho
que esses profissionais encontram na cidade.
“Com os baixos salários e vínculo empregatício provisório, Niterói vai
ter cada vez menos médicos. A maioria está indo para outras cidades que
proporcionam melhores condições de trabalho”, avaliou.
Em maio deste ano, o Ministério Público do Estado em Niterói, através da
promotora Renata Scarpa Fernandes Borges, ouviu as Secretarias de Saúde
de Niterói e Maricá sobre denúncias que chegaram ao MP através de
moradores. Após análise da situação e visitas às instituições de saúde, a
promotora decidiu intimar para depor o subsecretário de Niterói,
Roberto Carlos, e o secretário Carlos Alberto Malta Carpi, da pasta de
Maricá.
Segundo o presidente do sindicato, que na ocasião também foi ouvido pela
promotora, as cidades foram intimadas a diminuir a folha dos médicos
contratados e abrir concursos públicos. Mas, segundo o líder sindical, a
ordem não foi cumprida.
“Até agora nada mudou. Enquanto Niterói não abrir concurso público com
salário digno para médicos, a situação da saúde pública vai ser essa:
hospitais que não funcionam e outros, sobrecarregados”, lamentou Clóvis.
A Prefeitura de Niterói, em nota, afirmou que “a Rede Pública Municipal
de Saúde está funcionando normalmente. A falta ocasional de médicos é
pontual, sendo contornada com medidas administrativas rápidas para
evitar que o atendimento à população seja prejudicado”.
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