sábado, 12 de novembro de 2011

Falta de médicos faz população enfrentar maratona por socorro

Texto: Priscilla Aguiar
Foto: Bruno Eduardo Alves

Quem depende da saúde pública em Niterói tem que enfrentar uma verdadeira maratona em busca de médicos. Os principais hospitais e postos de saúde da cidade ou não têm médico ou têm apenas um para atender à população. O panorama foi este, na manhã de sexta-feira (11), nas unidades do Centro e bairros próximos.
No Hospital Municipal Carlos Tortelly, o antigo CPN, no Bairro de Fátima, não tinha sequer um clínico geral. Foi o que contou a aposentada Geni Versiane, de 47 anos, que acabara de sofrer um acidente de moto.
“Já fui no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) e me mandaram vir para cá. Chego aqui e simplesmente dizem que não tem nenhum médico, para eu ir embora. É um absurdo, é desumano. Agora, eu acidentada, sem condições de andar, vou ter quer ir até o Hospital Azevedo Lima, no Fonseca, na esperança de que lá tenha pelo menos um clínico geral”, lamentou.
Já na Policlínica Regional Carlos Antônio da Silva, no Centro, havia apenas um médico. A dona de casa Rita Matos, de 52 anos, já estava há quatro horas na fila de espera e ainda não tinha previsão de atendimento.
“Isso é uma falta de respeito. Estou aqui desde o início da manhã, nesse sol, com dores e essa fila não anda. Não tem condições de ter um médico só para atender a tanta gente. Muitas pessoas desistem de esperar e vão para outros postos, mas os outros estão na mesma situação. Outros voltam para casa com dores. A saúde pública está realmente lamentável”, reclamou.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos de Niterói, São Gonçalo e Região (Sinmed), Clóvis Abrahim Cavalcanti, a falta de médico nas unidades de saúde se dá pelos baixos salários e condições de trabalho que esses profissionais encontram na cidade.
“Com os baixos salários e vínculo empregatício provisório, Niterói vai ter cada vez menos médicos. A maioria está indo para outras cidades que proporcionam melhores condições de trabalho”, avaliou.
Em maio deste ano, o Ministério Público do Estado em Niterói, através da promotora Renata Scarpa Fernandes Borges, ouviu as Secretarias de Saúde de Niterói e Maricá sobre denúncias que chegaram ao MP através de moradores. Após análise da situação e visitas às instituições de saúde, a promotora decidiu intimar para depor o subsecretário de Niterói, Roberto Carlos, e o secretário Carlos Alberto Malta Carpi, da pasta de Maricá.
Segundo o presidente do sindicato, que na ocasião também foi ouvido pela promotora, as cidades foram intimadas a diminuir a folha dos médicos contratados e abrir concursos públicos. Mas, segundo o líder sindical, a ordem não foi cumprida.
“Até agora nada mudou. Enquanto Niterói não abrir concurso público com salário digno para médicos, a situação da saúde pública vai ser essa: hospitais que não funcionam e outros, sobrecarregados”, lamentou Clóvis.
A Prefeitura de Niterói, em nota, afirmou que “a Rede Pública Municipal de Saúde está funcionando normalmente. A falta ocasional de médicos é pontual, sendo contornada com medidas administrativas rápidas para evitar que o atendimento à população seja prejudicado”.

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