sexta-feira, 29 de março de 2013

Estudos e diagnósticos sócio-econômicos e ambientais são outras opções da carreira. Salários podem ir R$ 4 mil a R$ 6,1 mil

O mercado de trabalho para quem faz geografia pode ser muito mais amplo do que se pensa. De acordo com profissionais da área, a maioria das pessoas associa a geografia às salas de aula, na atuação como professor. No entanto, quem opta por essa profissão pode ir muito além do quadro-negro.

Com cursos distintos, um geógrafo tem no campo de atuação estudos e diagnósticos sócio-ecônomicos e ambientais, planejamento urbano, rural, regional e ambiental, formulação de políticas de gestão do território e ordenamento territorial, cartografia e geoprocessamento. O piso inicial de um profissional fica entre R$ 4 mil e R$ 6,1 mil.

De acordo com o diretor do Instituto de Geociências da Universidade Federal Fluminense (UFF) Reiner Olíbano, a geografia integra conhecimentos científicos de diferentes áreas, capacitando o profissional para a resolução de questões interdisciplinares, o que faz com que o geógrafo esteja inserido em equipes multidisciplinares.

Segundo ele, as áreas ambiental e ordenamento territorial são, atualmente, as que oferecem maior número de empregos aos geógrafos. Reiner destaca que para ser um profissional de sucesso o geógrafo dever ter capacidade de trabalhar de forma interdisciplinar e gostar de trabalhar em campo. É desejável ainda o conhecimento em geotecnologias (integração de informações espacialmente referenciadas).

Os geógrafos atuam em instituições públicas, como institutos de pesquisa, órgãos e empresas municipais, estaduais e federais; na iniciativa privada, como empresas de consultoria, serviços e produção; e organizações não-governamentais.

A demanda pelo profissional de geografia pode ser medida pelo aumento da procura por cursos universitários. O total de formandos na Universidade Federal Fluminense, por exemplo, em 2001 era de 56 alunos, em 2011 esse número pulou para 104 estudantes.

Segundo a professora da Universidade Gama Filho Stella Procópio da Rocha, mestre em Geografia especializada em Geotecnologias, o mercado de trabalho para o geógrafo tem crescido diante da necessidade da participação deste profissional nos estudos que envolvem as questões ambientais nas esferas públicas e particulares.

“A Geografia está em ascensão, em especial por conta da preocupação com o meio ambiente, que é cada vez maior. E a quantidade de cursos de Geografia no ensino universitário também é muito maior do que há alguns anos”, diz.


Profissional deve ter registro no Crea

Para exercer a profissão de geógrafo é preciso ter registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea). Um geógrafo possui habilitação para emissão de pareceres técnicos, desde que regularmente associado ao Crea, assim como para a elaboração de um estudo prévio de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental, podendo também prestar concursos públicos para quadros estatais que precisem de bacharelados. Os cursos de bacharel têm, em média, a duração de quatro anos.

“A sociedade em geral desconhece a diferença entre um geógrafo e um professor de geografia. A verdade é que a maioria acha que quem fez geografia é professor. Mas as diferenças são grandes, como formação, as leis que as regulamentam, os códigos de éticas e, sobretudo o campo de atuação”, diz o conselheiro da Crea, o geógrafo e professor de geografia Sérgio Velho.

A formação do profissional de geografia compreende as disciplinas básicas, como cartografia, geologia, estatística, as de formação geográfica agrupadas em dois grandes núcleos: as ligadas às área das humanidades como geografia da população, geografia, urbana e rural; as associadas à área da natureza como: geomorfologia, climatologia, hidrogeografia; e as de instrumentação como: sensoriamento remoto, geoprocessamento, planejamento territorial, planejamento urbano e regional, planejamento ambiental. Quem quiser seguir a carreira de professor paralelamente deve ainda cursar as disciplinas pedagógicas de licenciatura ou mestrado.

Para o pós-doutor em Geografia Glaucio José Marafon, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), após a formação existem muitas oportunidades de ingresso no mercado de trabalho, sobretudo no campo da educação, no entanto, ele destaca que tem crescido a oferta de vagas para os bacharéis.


“A especialização é fundamental para se firmar no mercado de trabalho. A atualização, a busca da informação e a formação continuada são fundamentais para melhorar o profissional”, indica.

De acordo com especialistas, muitos profissionais acabam optando pelas duas formações, de bacharelado e de licenciatura, para ampliar as oportunidades de trabalho e pela facilidade por já estar na área.

Pedro de Castro, de 25 anos, é um desses profissionais. Ele se formou no ano passado na UFF, no curso de Bacharel em Geografia. Atualmente ele cursa licenciatura e um mestrado em planejamento territorial ambiental e faz parte de um grupo de estudo da instituição. Ele conta que seu objetivo não é dar aula, mas se especializar em geomorfologia, sendo na área de evolução da paisagem.

“Desde o colégio sempre me interessei pela geografia, apesar de na época ainda não ter muita noção do que realmente é a geografia. No curso de pré-vestibular eu conheci mais a área e me interessei cada vez mais. Ela tem um campo de atuação muito amplo. Além de poder trabalhar em diferentes áreas e em diversas instituições, o profissional pode ser um empreendedor e trabalhar por demanda”, explica.

Para os bacharéis em Geografia, com registro no conselho da classe, há concursos com salário inicial de R$ 2,7 mil. Para o magistério o piso varia de acordo com o estado, prefeitura ou instituição. No País, existem 122 cursos presenciais de bacharelados em geografia e somente um a distância. O número é do cadastro de Instituições de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), referente a 2012.

Empreendedores apostam nas escolinhas de futebol e comemoram bons lucros. Investimento inicial pode chegar à 14 mil, mas o lucro mensal é, em média 10 mil reais

O sonho de ser jogador de futebol e conquistar um espaço no mundo da bola é comum entre as crianças brasileiras. Com a proximidade da Copa das Confederações, este ano e da Copa do Mundo, em 2014, o número de futuros jogadores tem crescido e a procura por escolinhas de futebol tem aumentado nos últimos meses. A expectativa de quem investiu nas escolinhas é que o número de alunos dobre até o ano que vem.

Com um investimento de cerca de R$ 14 mil é possível abrir uma franquia do Botafogo, por exemplo. O valor é referente a um contrato com a marca, que vale por 48 meses e a compra de 71 kits de uniformes e coletes. Além disso, é necessário o pagamento de uma taxa mínima mensal. O lucro mensal é, em média, de R$ 10 mil.

Entre as obrigações, a escolinha deve seguir todas as diretrizes de padrão de qualidade: logomarca, material, finanças em dia, faixa etária das turmas, o tamanho de espaço físico, realizar a divulgação institucional do projeto e cumprir nas aulas normas técnicas previstas.

De acordo com Murilo Hasselmann, diretor da empresa Duna Marketing Esportivo, Máster – franqueado da Estrelas do Futuro (Escola Oficial de Futebol do Botafogo) –, há casos em que já no primeiro mês a empresa obtém lucros.

“Depende de uma série de fatores, local, época do ano, mas temos casos de empresas que já começaram lucrando. E o nosso objetivo é criar condições para que empreendedores façam negócios saudáveis. Avaliamos o perfil do candidato, local que pretende montar a escola, os pontos positivos e negativos. Ao mesmo tempo o franqueado vai ter a oportunidade de trabalhar com uma marca forte, uniforme personalizado, treinamento e reciclagens, assistência permanente, assistir a treinos do time profissional e outras vantagens”, informa.

De acordo com Fernando Belotti, gerente da Escola Brasileira de Futebol (EBF), ligado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ainda não há uma pesquisa que aponte o aumento na procura das escolas de futebol, mas segundo ele, o aumento de matrículas nos cursos de treinamento é um grande indicativo.

“Temos cursos específicos para quem quer abrir uma escola de futebol. De 2011 para 2012 já tivemos um aumento significativo na procura. Disponibilizamos 40 vagas por ano, e apenas 60% dessas vagas costumam ser preenchidas. Hoje estamos tendo 100% de vagas ocupadas. Como a procura em escolas está aumentando, cada vez mais as pessoas precisam se qualificar”, afirma.

Rubens Viana, diretor da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol, está animado com o aumento da procura por escolas de futebol.

“Temos cursos semestrais com ênfase em quem quer abrir uma escolinha e a demanda realmente está muito grande”, indica.

Educação – Renato Tavares Fonseca, que é professor de educação física e fisioterapeuta, é franqueado da Escola de Futebol Oficial do Fluminense, a Escolinha Guerreirinhos, localizada próximo à Praça da Trindade, em São Gonçalo. Ele conta que o que o impulsionou a abrir a escola foi o fato de ter trabalhado nas categorias de base do Flamengo, Fluminense e no futebol feminino do Vasco da Gama, onde tinha contato com adolescentes.

“A escolinha visa educar através do esporte e formar novos talentos e desde o início da minha carreira, quando tive muito contato com adolescentes, a vontade de abrir uma escolinha cresceu. Mas, além da vontade, para abrir uma escola de futebol é importante estarmos bem preparados, termos profissionais capacitados, atender e instruir bem nossos alunos. O diferencial é, sem dúvida, o carinho e atenção dispensados aos alunos e responsáveis, além de sempre organizar diversos eventos que motivam muito os participantes”, afirma.

Animado com a expectativa de crescimento do negócio, Tavares já planeja abrir novas turmas.

“A procura tem aumentado e sabemos que a tendência é aumentar muito mais. Por isso, estamos aguardando a realização da troca da grama sintética do espaço utilizado para abrirmos novas turmas”, completa.

O professor de educação física Luiz Gelain, de 27 anos, trabalha há seis na área e decidiu abrir uma escolinha por paixão ao futebol. Ele é coordenador do Núcleo das Escolinhas do Vasco da Gama, localizadas em Alcântara, São Gonçalo e no Fonseca, em Niterói. Segundo ele, além de ensinar futebol, a escolinha é importante pois trabalha a cidadania dos alunos. Ele também está animado com a perspectiva de crescimento do negócio.

“Na nossa equipe temos psicólogos e técnicos que avaliam nossos alunos e promovem a noção de cidadania e fazem um trabalho com a participação não só das crianças e adolescentes, mas também da família. Além da nossa paixão por futebol, sabemos que estamos em um excelente momento e é preciso investir. Temos planos de expansão, já que a procura só tende a aumentar”, comemora.

O professor de educação física Ricardo Calabria, de 47 anos, é franqueado da Estrelas do Futuro - Escola Oficial de Futebol do Botafogo. Ele abriu sua primeira escolinha de futebol quando ainda tinha 18 anos. Apaixonado pelo esporte, ele conta que chegou a ser jogador de futebol profissional. Aos 17 anos ele jogou no time principal do Botafogo durante um ano, mas um acidente em campo fez com que seu futuro profissional tomasse outro rumo. Foi quando, para não ficar longe dos gramados, ele decidiu abrir uma escolinha de futebol, na época o Clube Central, depois abriu uma escolinha do Flamengo e há três anos gerencia a escolinha do Botafogo, que funciona no Clube Pioneiros, no Vital Brazil, em Niterói.

“Sempre gostei de futebol, mas infelizmente por causa do acidente cheguei a ficar um ano andando de cadeira de rodas e o médico disse que não daria mais para jogar profissionalmente, foi quando decidi abrir uma escolinha. Terminei minha faculdade de educação física, me especializei em treinamento esportivo e comecei a investir mais na área. Atualmente temos a intenção de abrir novas turmas e também em outros lugares para poder atender um número maior de alunos”, planeja.

Profissional ganha, em média, R$ 40 a cada meia hora de cuidado. O trabalho inclui serviços de alimentação, cuidados higiênicos, administração de medicamentos entre outros

Com a correria do dia a dia é cada vez mais comum as pessoas passarem o dia fora de casa ou mesmo precisarem viajar. Mas quem tem gatos e não pode levá-los nesses compromissos sabe a dificuldade que enfrenta nessas horas. Como solução para essas pessoas, uma profissão nova tem crescido no País, a de cat sitter ou babá de gatos, comum nos Estudos Unidos e na Europa. No Brasil a profissional ganha, em média, R$ 40 a cada meia hora de cuidados com o felino, na casa do cliente.

O trabalho de uma babá de gatos inclui serviços como: alimentação e cuidados higiênicos, administração de medicamentos em casos de doença ou tratamentos pós-cirúrgicos, garantia do bem-estar do animal com brincadeiras para minimizar a ausência do proprietário e um relatório diário com fotos, que é enviado ao cliente por e-mail ou celular.

De acordo com profissionais da área não há a necessidade de investimento para se tornar uma babá de gatos e ainda não há uma formação específica para a profissão no Brasil.

Apaixonada por animais, em especial por gatos, a bióloga Rosangela Mendes, de 36 anos, se considera babá de gatos desde quando ainda era criança. Ela conta que morava em um sítio com 25 gatinhos e tinha como função cuidar dos felinos. Quando cresceu decidiu fazer biologia e se especializou em comportamento animal e há seis anos trabalha profissionalmente na área. Para ela é importante se especializar para cuidar de animais, mas ela ressalta que as características essenciais para ser uma boa cat sitter é “amar gatos, conhecer a natureza e as necessidades de um felino, amá-los e respeitá-los como se fossem seus próprios animais de estimação”.

Rosangela relata que apesar de muitos brasileiros precisarem do serviço a profissão de babá de gatos ainda é desconhecida no País. Mas, segundo ela, há um crescimento da procura pelo profissional e um dos motivos que impulsionam esse aumento é o fato dos gatos receberem cuidados no seu próprio ambiente, o que também facilita o convívio com a cuidadora.

“Os brasileiros, de maneira geral, desconhecem essa profissão. Mas quando há a oportunidade de contratar este tipo de serviço, não pensam e não querem outra forma de cuidado, pois acreditam no conceito de que cuidar de gatos dentro de seu próprio território traz o benefício que nenhum outro local trará. Esse serviço garante o bem-estar dos gatos, pois eles não ficam estressados por estarem fora de sua rotina”, afirma.

Para Rosangela por se tratar de uma paixão aliada à profissão o dia a dia de uma babá de gato é muito prazeroso. Ela conta que os gatos que ela cuida acabam fazendo parte da sua família.

“Durante a visita, o que mais compensa é ter a certeza de que o trabalho foi muito bem-feito e acima de tudo que seus clientes gatinhos tornam-se parte de sua família e são agradecidos por tudo que faço por eles. Isso eles mostram no olhar e quando retorno para minha próxima visita, pois a alegria ao me ver não tem preço”, afirma. Atualmente Rosangela atende na cidade do Rio de Janeiro.

Confiança – A babá de gatos Viviane Dias, de 26 anos, moradora de Niterói, ingressou na profissão há um ano. No entanto, sua relação com os felinos é antiga. Ela conta que a ideia de se tornar uma profissional da área veio por já ter a confiança de donos de gatos por fazer um trabalho de resgate e doação de animais.

“Como eu resgato gatos, as pessoas passaram a me ver como uma pessoa que poderia ajudá-las a cuidar dos seus gatos. Então me veio a ideia de profissionalizar isso e assim também dar um suporte para os donos de gatos que respeitam o fato de seus felinos odiarem sair de casa. Então juntei a paixão com a profissão”, detalha.

Além do cuidado com o felino Viviane ressalta que a profissional também precisa “cuidar” do dono que quase sempre fica aflito por estar longe do seu animal de estimação, dando o relatório diário com fotos, por exemplo.

“É preciso que o cliente tenha confiança para deixar seu animal de estimação aos cuidados de alguém, por isso é preciso estar acima de tudo, preparada para qualquer eventualidade, afirma.

A professora Ana Cristina Ribeiro dos Santos, de 45 anos, é uma das clientes de Viviane. Ela é dona dos gatos da raça persa Nina, de 7 anos e Samuel, de 8 anos e conta que às vezes precisa viajar, mas a dificuldade de deixar os animais sempre foi um problema nessas horas.

Ela relata que conheceu os serviços de Viviane ano passado, quando precisou fazer uma viagem para Itália. “Foi ótimo, exatamente o que eu precisava”, resume.

Antes de conhecer o serviço de babá de gato Ana Cristina recorria à vizinha, mas apesar da boa-vontade o tratamento não era o mesmo.

“Para quem tem gato viajar é sempre um drama e para mim não era diferente. Eu nunca tinha com quem deixar meus gatos e acabava recorrendo a minha vizinha. Mas não é todo mundo que sabe cuidar de gatos, ainda mais que um deles está meio doente e precisa de cuidados especiais. Acho o máximo esse serviço, não preciso me preocupar, pois percebo que eles estão sendo bem tratados”, diz.

O veterinário Márcio Feliciano explica que além de gostar de animal para ingressar na profissão é indispensável ter paciência, pois o gato é um animal temperamental, e ter uma preocupação com a higiene do felino.

“Gostar de animal é imprescindível, mas, além disso, ser paciente também é muito importante, porque o gato, diferente do cachorro, é bastante temperamental e tem dificuldade de adaptação, então até ele criar uma confiança com a babá pode demorar um pouco. Também é preciso se atentar aos cuidados com a higiene. A bandejinha usada pelo gato para defecar e urinar, por exemplo, é importante ter duas, porque se demorar a limpar ele não vai usar a suja e isso pode afetar a saúde dele”, ensina.

Empreendedores apostam em brownies, cupcakes, macarons e outras delícias para garantir lucro mensal de R$ 1,3 mil

É difícil resistir aos tradicionais brigadeiros, cajuzinhos e beijinhos de coco que fazem a alegria em qualquer comemoração. Mas o que tem feito sucesso nas festas, segundo especialistas da área, são os doces internacionais. Antes vistos apenas em festas de casamento, os cupcakes, macarons, brownies e cheescakes são cada vez mais comuns em festas de aniversários e chás de cozinha e de bebê.

Para quem quer se tornar um designer de doces internacionais, é preciso um investimento de R$ 300. Já nos três primeiros meses é possível ter, em média, um lucro mensal de R$ 1,3 mil. Quem pretende investir mais alto, pode abrir uma loja com R$ 20 mil. O lucro do estabelecimento chega a R$ 20 mil por mês. Mas será preciso esperar um ano para obter de volta o valor investido. O valor dos doces varia entre R$ 1,50 e R$ 7,50, dependendo do tipo, tamanho e sabor.

Por sentir uma carência de bons profissionais no mercado, há sete anos a niteroiense Rafaela Panisset, de 30 anos, decidiu abrir sua própria empresa de doces, que possui o seu nome, localizada no Ingá, em Niterói.

No início, ela produzia os doces na cozinha de casa e não contava com a ajuda de ninguém. Rafaela lembra que vendia cerca de 500 doces por mês. Hoje, a empresária possui seu próprio ateliê e tem quatro funcionários, resultado do aumento das encomendas, que subiu para 10 mil doces por mês. Agora, o objetivo da doceira é mudar para um espaço maior, contratar mais funcionários e abrir uma loja.

Capacitação – Antes de ingressar no negócio Rafaela fez um curso básico em confeitaria e tecnólogo em gastronomia para se profissionalizar. Segundo ela, além dos doces estarem em alta no País, a razão de seu negócio ser bem-sucedido é sempre trabalhar com ingredientes de qualidade, o que garante o sabor. A preocupação com o acabamento, de acordo com a doceira, também é essencial.

Para Rafaela, a tendência desse mercado são os produtos exclusivos e o design moderno. Seu público-alvo são noivas, debutantes, gestantes, festas infantis e de empresas.

Ela relata, ainda, que por não haver muitos cursos profissionalizantes na área no País, a mão de obra especializada está escassa, o que se torna um dificultador para quem deseja abrir uma empresa.

“Estamos em um bom momento. Temos planos de expandir mais a empresa, mas o que nos atrapalha é a dificuldade que temos em encontrar profissionais especializados”, alerta.

Com uma história parecida, a designer industrial Julia Borges, de 31 anos, há aproximadamente três realizou seu objetivo profissional, abriu sua própria empresa de doces, a confeito design.

A empresa produz brownies e bem-casados de brownie, cupcakes, cookies sandwiches e tartelletes. No início, os doces eram feitos em uma microcozinha em seu apartamento na Barra da Tijuca. Por conta disso, só podia atender dois pedidos por semana. Quando as encomendas começaram a aumentar, Julia montou uma cozinha maior, em um apartamento em Botafogo, no Rio de Janeiro, e passou a contar com a ajuda de dois funcionários, além do marido na área financeira da empresa.

Atualmente, com o mercado em ascensão, Julia tem planos de abrir uma cozinha industrial com capacidade para mais funcionários em um local onde exista a possibilidade da venda direta dos produtos.

Ela relata que a dificuldade em trabalhar com esse tipo de doce é a sazonalidade de alguns produtos e agregar valor para o cliente, já que por serem produtos mais refinados, a comparação com o valor de outros produtos é inevitável.

“Acredito que estes doces importados, como o brownie e cupcake, vieram para ficar de vez. Mas como se trata de um mercado muito dinâmico, há sempre a necessidade de inovação e criação de novos produtos”, indica.

Dedicação integral faz negócio crescer

A estudante de administração Jaqueline Brito, de 30 anos, sempre teve o desejo de ter um negócio próprio, mas não sabia exatamente em que área investir. Amante dos doces internacionais, ela começou a fazer cupcakes por hobby, mas uma amiga a incentivou a vender as delícias no trabalho. A ideia fez tanto sucesso que há cinco meses ela pediu demissão da empresa e se tornou microempresária.

“Não foi nada planejado, apesar de sempre ter a vontade de ter uma empresa e de amar doces. Os doces fizeram tanto sucesso e as vendas cresceram tanto que eu já não dava mais conta da demanda. Foi então que decidi me dedicar integralmente ao negócio. O meu objetivo agora é ter um espaço próprio para trabalhar, porque ainda faço a produção na cozinha da minha casa, o que dificulta o meu trabalho”, conta.

A recepcionista Taynah Feltrim, de 21 anos, é uma das clientes de Jaqueline desde a época em que ela vendia os doces em seu ambiente de trabalho. Recentemente os doces da Delicinha Cupcake, nome da empresa de Jaqueline, fizeram sucesso na festa de aniversário de 1 ano do filho de Taynah.

“Foi um sucesso. Já indiquei para várias pessoas”, lembra Taynah.

Para quem deseja buscar uma formação antes de ingressar na área, o professor de confeitaria do Senac RJ e da pós graduação de confeitaria do Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam) Luiz Eduardo Costa, revela que há aulas específicas para a confecção de doces internacionais.

“A procura por doces internacionais é muito grande. O mercado hoje busca qualidade e sabor. Por isso oferecemos aulas específicas sobre doces internacionais”, diz.

Costa também oferece aulas livres em sua loja, a Boulangerie, localizada na Rua Mariz e Barros, em Icaraí, Niterói.

No Senac os cursos oferecidos são de padeiro confeiteiro e de bases de confeitaria e confeitaria clássica. O curso de padeiro confeiteiro tem duração de 300 horas. Já os de confeitaria básica e clássica têm duração de 24 e 32 horas, respectivamente. Os cursos de pós-graduação em confeitaria têm em média 360 horas.

Construção Civil vai abrir 150 mil postos de trabalho este ano, sendo 30 mil vagas só no estado do Rio


Em ascensão, a Construção Civil precisa de mais mão de obra para atender a demanda, afirmam especialistas. A previsão do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-Rio)para 2013 é a contratação de 30 mil novos trabalhadores no estado na área e 150 mil no País.

Através de um diagnóstico realizado pela equipe pedagógica responsável pelos cursos de Formação Inicial e Continuada da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), foi identificada escassez de profissionais como pedreiro de alvenaria e encanador instalador predial. Especialistas apontam também a necessidade de mais carpinteiro de forma, armador de ferro e pedreiro de revestimentos e de alvenaria. O salário inicial (com vínculo empregatício) previsto para as profissões da área é a partir de R$ 800.

O motivo da escassez, além do aumento da procura por mão de obra, é que muitos destes profissionais já trabalham como empreendedores e/ou na informalidade, aponta a diretora de Formação Inicial e Continuada da Faetec, Márcia Pimentel. Segundo ela, o aumento da demanda se explica pelo investimento em melhorias na infraestrutura das cidades, com a revitalização de áreas urbanas estratégicas, principalmente para atender o público que o Rio de Janeiro irá receber sediando grandes eventos internacionais, já a partir deste ano.

Além das instalações de infraestrutura voltada para os Jogos Olímpicos, Márcia destaca que a cadeia da Construção Civil fluminense está sendo fomentada também pelos investimentos em empreendimentos habitacionais, como o programa “Minha casa, minha vida” e os programas de urbanização realizados pelas prefeituras.

Contratação – O Rio de Janeiro é o maior gerador de empregos do Brasil na área da Construção Civil, de acordo com uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Só no ano passado foram gerados no estado 25.303 postos de trabalho. Ainda que represente um recuo de 15% frente a 2011 (28.859), o resultado de 2012 é o terceiro melhor da série histórica e colocou o Rio de Janeiro como o maior gerador de empregos nesse setor, com 69% a mais do que o segundo colocado, Minas Gerais (14.938).

Outra pesquisa, divulgada pelo Sinduscon-Rio, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, também aponta o Estado do Rio como o campeão brasileiro na geração de empregos no setor em 2012. O saldo entre contratações e demissões foi de 32.956, contra 24.417 em São Paulo, o segundo colocado. A expectativa da Câmara Brasileira da Construção é que o PIB da Construção cresça de 3,5% a 4% em 2013, em relação ao ano passado.
De acordo com o Sinduscon-Rio, em dez anos aumentou em 135% o número de postos de trabalho na Construção Civil no estado do Rio. Em 2002 o estado tinha pouco mais de 150 mil postos de trabalho. Em 2012 esse número subiu para mais de 353 mil. O Brasil também teve o aumento de 153% no mesmo período. Em 2002 eram cerca de 1,3 milhão de postos de trabalho e em 2012 esse número subiu para aproximadamente 3,3 milhões.

Capacitação – Segundo o presidente do Sinduscon-Rio, Roberto Kauffmann, a solução para o problema de escassez de mão de obra é aumentar a oferta do número de cursos de capacitação.
“Já existe uma falta de mão de obra em diversas profissões da área. Temos uma demanda muito grande, tanto no setor imobiliário, quanto em infraestrutura e rodovias e é uma área que vai continuar crescendo. Para que o problema de falta de profissionais seja minimizado estamos ampliando as ofertas de cursos. No ano passado formamos 4 mil alunos, em uma parceria com o Senai Rio e esse ano a previsão é que esse número dobre”, informa.

Outra medida para amenizar o problema, segundo Kauffmann, seria o investimento em processos construtivos mais modernos.
“Paralelo a isso, o setor precisa investir em processos construtivos modernos, com produtos pré-moldados, montagens industriais, para que não seja necessário um número tão grande de profissionais em uma obra, como é hoje”, explica.

Reforço – O supervisor técnico de Construção Civil do Senai Rio, Roberto da Cunha, acredita que os esforços no aumento do número de vagas em educação profissional, progressivamente, equacionarão essa questão.
“Fatores como uma série de intervenções importantes que o Estado hoje reúne, tais como construção da usina hidrelétrica de Paracambi, a implantação do Complexo do Açu, o Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro), o Arco Metropolitano, expansão da linha do Metrô, criação de BRT e a revitalização da zona portuária do município do Rio de Janeiro, contribuem para uma demanda maior do que a oferta atual. Mas essa demanda deve ser atendida com o número maior de vagas em educação, que estão sendo disponibilizadas por entidades de educação profissional, fabricantes, construtoras e poder público”, afirma.

Para ele, o profissional que deseja aproveitar o bom momento e ingressar na área deve ter capacidade de aplicar nas atividades profissionais as questões referentes à segurança do trabalho e preservação ambiental, além de interpretar projetos, gerir, planejar e trabalhar em equipe.

O engenheiro civil Carlos Eduardo Penna, diretor da Efer Construtores Associados, conta que dinamismo e empreendedorismo são características de profissionais da área.
“O que me fez seguir essa carreira, além do envolvimento com as disciplinas que eu mais gostava na época escolar, é o fato de ser uma profissão extremamente dinâmica, que envolve um conjunto muito diverso de profissionais e também o gosto pelo empreendedorismo”, relata.

Segundo a pesquisa divulgada pela Firjan, as maiores contratações em 2012 no Rio de Janeiro foram registradas nas atividades de geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações (7.851), construção e recuperação de pontes, viadutos e elevados (5.956) e montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas (5.759). Em 2012, a Construção Civil foi destaque na capital fluminense, cujo saldo de contratações em 2012 superou o de 2011: 14.213 contra 11.584.

Cursos – O Senai Rio oferece em 2013 cursos gratuitos de técnico em administração; técnico em automação industrial; técnico em edificações; técnico em logística e técnico em segurança do trabalho. As inscrições serão encerradas neste domingo e as aulas serão iniciadas a partir do dia 1º de abril. As unidades onde serão oferecidos os cursos são: Rio de Janeiro, Niterói, Centro de Formação Profissional de Niterói, Núcleo de Atividades de São Gonçalo, unidade de Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Centro de Tecnologia Senai Automação e Simulação – Benfica, Senai Jacarepaguá, Senai Tijuca, Unidade Operacional Geraldo Silveira Coutinho e Centro de Formação Profissional de Caxias. O aluno deve ter no mínimo o 2º ano do ensino médio. Mais informações através do telefone 0800-0231231 ou do site www.firjan.org.br.

A Faetec também disponibiliza este ano cursos gratuitos de encanador instalador predial, eletricista instalador predial de baixa tensão, pedreiro de alvenaria, pintor de imóveis, nr-10 (especialização – eletricista), almoxarife de obras, aplicador de revestimento cerâmico, armador de ferragem, carpinteiro de obras, gesseiro, cadista para a construção civil (autocad 2D e 3D). As aulas terão início em abril. Para ingressar no curso é necessário que o candidato tenha como escolaridade mínima o ensino fundamental. Mais informações através do site www.faetec.rj.gov.br.